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Gripe

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A gripe humana é uma doença viral que possivelmente se originou na região asiática há dez mil anos, através do contato de seres humanos com animais domesticados, provavelmente porcos ou pássaros, que hospedavam os vírus. A domesticação dos animais trouxe para a proximidade humana esses microrganismos que, adaptados e mutantes, persistem até hoje quando existe maior quantidade de criações e maior necessidade para alimentar mais de 6 bilhões de seres humanos4.

.A gripe é uma doença aguda, isto é, de início súbito, provocado por um vírus que afeta, sobretudo, o trato respiratório. O período de incubação vai de 1 a 5 dias (em média 2 dias). O quadro clínico caracteriza-se por febre alta, dores e prostração. Os doentes queixam-se de dores de garganta, catarro óculo-nasal, tosse, dores musculares e de cabeça, sintomas comuns a outras infecções. Por isso, na ausência do diagnóstico causal (que exige apoio de laboratório) é habitual a designação de sindrome gripal para caracterizar aquele conjunto de sintomas e sinais 3.

A compreensão da gripe impõe a descrição das três principais características da ecologia do vírus. Primeira característica: as aves são o reservatório natural dos vírus, especialmente as aquáticas migratórias (várias espécies de patos silvestres em particular). Todos os vírus da gripe têm nas aves a forma de persistirem na natureza em equilíbrio com ela. Segunda: o virus pode infectar diversos hospedeiros. Como reservatório dos vírus, as aves não só permitem a sua sobrevivência, como também a sua transmissão a hospedeiros susceptíveis, como outras espécies de aves e outras classes de vertebrados, como mamíferos, incluindo seres humanos. Terceira: as estruturas antigênica e genética do vírus da gripe estão em constante variação 3.

O agente etiológico da gripe, ou  vírus da Influenza, pertence a familia Ortomixiviridae. São vírus RNA envelopados de hélice única, que se subdividem em três tipos antigenicamente distintos: A, B e C. Os tipos A, responsaveis pela ocorrência da maioria das epidemias de gripe, são mais suscetíveis a variações antigênicas, razão pela qual periódicamente suas variantes sofrem alterações na estrutura genômica, contribuindo para a existencia de diversos subtipos. São classificados de acordo com os tipos de proteinas que se localizam em sua superfície, chamadas de hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). A proteina H está associada a infecção das células do trato respiratório superior, onde o vírus se multiplica. A proteina N facilita a saida das partículas virais do interior das células infectadas. Nos virus influenza A humanos já foram caracterizados três subtipos de hemaglutinina imunologicamente distintos (H1, H2 e H3)2.

Nas aves encontram-se todos os subtipos de vírus A identificados até o momento. Estes subtipos são determinados em função das diferentes proteínas de superfície que apresentam, 16 hemaglutininas e 9 neuraminidases, sendo, por isso, designados: H1, H2, H3, H4, H5, H6, H7, H8, H9, H10, H11, H12, H13, H14, H15, H16, N1, N2, N3, N4, N5, N6, N7, N8, N9 3.

Os reservatorios conhecidos na natureza para o virus da influenza são os seres humanos, os suinos, os equinos, as focas e as aves. As aves migratorias, principalmente as aquáticas e as silvestres, desempenham importante papel na disseminação natural da doença entre distintos pontos do globo terrestre. Em geral, a transmissão ocorre dentro da mesma espécie, exceto no porco, cujas células tem receptores para os vírus humanos e aviários. Os vírus influenza do tipo A infectam seres humanos, suinos, cavalos, mamiferos marinhos e aves; os do tipo B ocorrem exclusivamente em seres humanos; e os do tipo C, em seres humanos e suinos 2.

A transmissão mais comum às pessoas suscetíveis é a direta (pessoa a pessoa), por meio de pequenas gotículas de aerossol (>5 milimicras de diâmetro) expelidas pelo indivíduo infectado com o vírus (ao falar, tossir e espirrar). Tambem há evidências de transmissão pelo modo indireto, por meio do contato com as secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular. A eficiência da transmissão por essas vias depende da carga viral e fatores ambientais (umidade e temperatura) e ao tempo transcorrido entre a contaminação e o contato com a superfície contaminada. O modo indireto também ocorre por meio do contato com as secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular 2.

A primeira descrição dos sintomas da gripe foi feita por Hipócrates há mais de 2400 anos, apesar de não conhecer os aspectos ecológicos referentes ao seu agente e à doença. Mas a identificação do agente dessa doença somente foi feita em 1933 por Andrew, Smith e Laidlaw, na Inglaterra, quando isolaram o Influenzavírus pela primeira vez 3.

A primeira pandemia de gripe conhecida data de 1580, iniciada na Ásia e se espalhando pela Europa. As 3 viroses pandêmicas que surgiram no século XX, a de 1918 (gripe espanhola) do vírus H1N1, a de 1957 (gripe asiática) do vírus H2N2, e a de 1968 (gripe de Hong Kong) do vírus H3N2- espalharam-se rapidamente no mundo, mas apenas o vírus de 1918 foi associado à mortalidade, medida em milhares por 100.000 habitantes 1.

Referências utilizadas:

  1. BELSHE RB The Origins of Pandemic Influenza — Lessons from the 1918 Virus. The New England Jour006Eal of Medicin. 353: 2209-2211, 2005
  2. BRASIL Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias. Guia de bolso.  8a edição revista. 2010
  3. GEORGE F. Introdução ao estudo da gripe. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saude. Lisboa.sem data..
  4. UJVARI SC  A história da humanidade contada pelos virus, bactérias e outros microrganismos. 2a Edição. Editora Contexto. 2011.
Como citar esta página: – Brazil TK, Borges YCL, Guerreiro H.. Gripe. Museu Interativo da Saúde na Bahia. Disponivel em: https://www.misba.org.br/doenca/doencas-virais/gripe/. Acesso em: 19/04/2024 03:05:21.